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Plenária Central |
Por Danilo Mourão dos Santos*
Há dois anos um grupo de estudantes descontentes com a via legalista e reformista hegemônica da União Nacional dos Estudantes - UNE compreenderam que a estratégia da reorganização do M.E passaria pela articulação da base do M.E, e a construção de uma super estrutura a nível nacional para aglutinar todos os sinceros lutadores que se dedicam no dia a dia lutar por uma educação pública, gratuita e de qualidade. Com a ascensão do PT ao governo Federal, partido esse de cunho reformista e social-democrata, acabou acelerando ainda mais a degeneração da UNE que vinha se dando desde 1980 quando a UJS (PCdoB) assumiu a UNE, cumprindo o mesmo papel de STALIN, burocratizando a UNE e transformando um instrumento de luta dos estudantes em uma mera secretaria de apoio a implantação das políticas neoliberais para educação brasileira. Com o “ressurgimento” do Movimento Estudantil em 2007 muitas ocupações foram encampadas em várias reitorias, onde chegou até 20 ocupações simultâneas em todo Brasil, toda essa mobilização foi feita contra a política de implantação do REUNI, e é nesse cenário de efervescência que surge a Assembléia Nacional de Estudantes Livres-ANEL que no clamor da base e em um processo da ocupação que se deu por fora da UNE que surge o novo e que pede passagem a ANEL, tendo um papel contrário, da UNE que chegou ao ponto de reprimir e usar da violência para desmobilizar as ocupações, a ANEL surge como um instrumento de luta e uma alternativa a velha entidade atolada na burocracia e na sua falência.
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Delegação de Marabá |
Nesse mês ocorreu o primeiro congresso da ANEL, que aconteceu na UFRRJ em Seropédica-RJ, muitos desafios foram travados por todos militantes e ativistas que fazem parte dessa entidade. Em Marabá tivemos inúmeros problemas desde tiragem de delegados como em garantir o deslocamento desses delegados e observadores. Rifas, pedágios e outros meios foram utilizados para garantir a participação de Marabá nesse importante congresso. Enviamos para o Rio de Janeiro 24 estudantes. Ao chegar ao local do congresso tivemos contato com muitos outros estudantes vindo de diversos Estados com a finalidade de debater políticas para uma educação com mais qualidade. Os números divulgados pela CEN - Comissão Executiva Nacional da ANEL, é de que estavam presentes 1.200 delegados eleitos na base (universidades, institutos e escolas) e no total foram 1.700 catalogados como delegados e observadores, não há dúvidas do sucesso desse congresso e dos alicerces lançados para consolidação da ANEL e para que se torne uma entidade de massas em um curto período de tempo.
Com muito debate políticos o 1º Congresso da ANEL foi como um tapa na cara de pessoas que dizem que essa entidade é do PSTU, que usam do método de amálgama (o mesmo método estalinista) para fazer confusão na cabeça dos estudantes. Estiveram presentes várias correntes que constroem a ANEL como: Coletivo Não vou me Adaptar, Movimento Revolucionário, ANEL às Ruas, Corrente Proletária Estudantil e outras, não menos importantes, minorias também estiveram presentes. Entidades estudantis também marcaram presença: DCE UFRGS, DCE UFPA, DCE UFRJ, DCE UFRRJ, DCE UNESP, DCE UFRA, DCE UFOPA, DCE UEPA, DAJR (Diretório Acadêmico José de Ribamar) entre outras entidades. Mostrando que a ANEL não é algo homogêneo e sim um instrumento de aglutinação e de diferenças políticas, mas com atuação centralizada. Prova maior foram às diferenças políticas que foram colocadas, a qual mais merece atenção foi o apoio a greve dos bombeiros que tiveram três posicionamentos: 1. Que a ANEL apoiasse a greve dos bombeiros do RJ e que apóie a campanha pela aprovação da PEC 300 2. Nenhum apoio à greve dos bombeiros, pois se trata de um setor do Estado burguês e é uma força repressora da classe trabalhadora e estão no antagonismo de classe 3. Que a ANEL apóie a greve dos bombeiros, mas que não lute pela aprovação da PEC 300.
Isso mostra que essa entidade é feito por muitas correntes políticas que descontentes com o caminho que a UNE tomou se organizam e reivindicam para si os anos de luta e ilegalidade da UNE a qual funcionava como uma frente única de luta. Nos quatro dias de congresso foram realizados vários grupos de discussão com o tema: ANEL contra toda a forma de Opressão, Meio Ambiente, Transportes, Violência e Legalização das Drogas entre outros. Também foram realizados painéis temáticos. Dentro da UFRRJ foram realizados dois atos públicos o primeiro contra o machismo e o outro contra a homofobia. Estiveram presentes outras entidades e organizações como o MST, MTL, MTST, CSP-CONLUTAS, OAB, ANDES-SN, FASUBRA, SINASEFE, Sindicato da Indústria da Construção Civil do Pará, Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Representante do Movimento dos Bombeiros/RJ. Cumprindo seu papel internacionalista nas vésperas do seu congresso a ANEL enviou uma militante ao Egito a qual levou uma carta de apoio a revolução que acontece naquele país, no congresso estiveram estudantes vindo da Argentina, Espanha, Suíça e Egito onde pautaram em uma mesa debate a importância independência, classismo, ação direta e democracia nos levantes de luta que vem acontecendo no mundo. Um dos momentos mais empolgante e emocionante ocorreu na plenária final onde vozes unidas gritaram uma única palavra de ordem:“Não sou capacho do governo federal, sou estudante livre da assembléia nacional”
Nesses dois anos de luta a ANEL levantou em todos os momentos em eleições de entidades estudantis e em campanhas, a unidade dos lutadores, pois temos a certeza que a educação que buscamos só virá com a união de todos estudantes e de toda sociedade, e que a UNE não passa de uma correia de transmissão do governo, mas que dentro dessa entidade ainda existe um setor que vai contra as políticas do setor majoritário mesmo sendo uma minoria, e são esses que chamamos para vir somar as fileiras dessa entidade e abandonar de vez a UNE traidora dos estudantes.
* Estudante de Ciências Sociais Coordenador Geral do DAJR